jump to navigation

RPG por caridade 03/17/2009

Posted by Ágatha Guedes in Opinião e Bate Papo.
Tags: , ,
14 comments

Hoje estive lendo um post do Tiago Lobo (será o Lobo do Fórum Daemon?) no .20 que falava sobre o RPGista e o fato deles estarem prejudicando o RPG.

Eu concordei com o título mas não com o texto. Realmente, na minha cabeça, os RPGistas mais atrapalham do que ajudam o RPG. Mas não é por isso que devemos agir contra a natureza das coisas.

Não acho que os RPGistas atrapalham em não comprar livros ou produtos que não concordam, ou em não doarem seus livros e produtos há muito não usados. RPGistas atrapalham em ignorar novatos, tratá-los como se fossem uma praga, em fechar a cara pra todo e qualquer produto nacional (não estou dizendo para comprarem só por ser nacional, mas por dedicar alguns minutos para saber ao menos do que se trata o produto), em criticar a torto e a direito e não estar disposto a dar o braço a torcer quando as coisas mudarem de figura, em usarem e abusarem do anonimato da Internet para destruirem e divulgarem informações tendenciosas sobre esse ou aquele produto. Isso pra mim é atitude imatura e que deve ser diminuída, se não dizimada.

Resolvi citar uns exemplos de coisas que acontecem no mundo do RPG mas por outro ponto de vista, fora do mundo do RPG. Vocês perceberão como as coisas chegam ao ponto do absurdo quando vistos por outros olhos.

Pagarmos o IPTU e trabalhar para ajudar a asfaltar a rua.

É engraçado como no mundo do RPG, alguns autores têm a tendência a afirmar que a culpa do atual cenário é do jogador. Não dele que não cria nada, não dele que só publica o que os jogadores afirmam não quererem jogar, mas da gente, consumidores de um produto muitas vezes falido.

Seria engraçado e trágico vermos a cena de moradores de um bairro, pagando seu IPTU em dia, tendo que trabalhar nas obras das ruas em troco de nada, apenas de um sorriso amarelo e uma promessa de que no futuro, mais obras (ou publicações, dependendo do caso) virão.

Ver defensores de um time lutando para transformarem os outros em monstros.

Isso já acontece e nem é tão surpreendente assim. Jogadores de um time fazem de tudo para mostrarem aos outros como eles estão errados e como são aberrações por torcerem por aquele time. O que surpreende realmente é ver os jogadores de RPG, tão cultos, tão cheios de “QI”, tão cheios de ego, gritarem aos quatro cantos que tal editora só destrói os produtos e que ela não tem direito de segurar tal licença, mas essas mesmas pessoas costumam tratar os “novatos” com desrespeito em sites e comunidades de uma outra editora, essa querida por todos e sem chances de erro.

É comum apontarmos os erros e esconder-nos sob uma cortina enquanto somos consumido por nossos próprios erros.

Ver fãs de Futebol fazendo questão de divulgar o esporte só para ter mais jogadores no futuro

Isso é incomum. Pessoas que apreciam futebol não tem o costume de ficar “panfletando” em prol do esporte. Eles só jogam. Quem faz o papel de divulgar e criar o grande circo que o jogo é hoje em dia é a mídia. A mídia e os interessados em vendes seus produtos.

Esses são alguns exemplos do que eu vejo sendo divulgado como obrigatório para cada jogador de RPG. RPG deixa de se tornar um hobby e passa a ser um meio de sobrevivência, nos transformando em “membros de Pirâmides”, transformando toda e qualquer pessoa com o mínimo de inteligência em potenciais jogadores.

Não é errado querer divulgar e ajudar o seu hobby, não mesmo. Mas ditar regras e afirmar que uma ou outra coisa só está assim por culpa dos jogadores é atribuir-nos uma culpa da qual não temos. É nos tornar vítimas de uma situação que começa errada desde o topo. É tornar o RPG um modo de vida e não um produto. RPG, acima de tudo, é um jogo, um hobby e como tal tem fins lucrativos.

RPG não vai acabar e o mercado só vai acabar se cair no ostracismo. Se continuar tratando seus jogadores como mendigos em busca de qualquer migalha.

O Brasil é recordista em “Aceitação” das coisas. Nós aceitamos tudo, desde mudanças de atores no meio de séries, dubladores alternados entre episódios e outros, livros escritos de qualquer jeito e repleto de erros, reedições de livros SEM nenhuma alteração mas com um aviso grande “Todos os erros corrigidos” e coisas do tipo.

Aceitar que a culpa é nossa é só admitir uma culpa que não nos compete. No dia em que o RPG se tornar um fardo que eu tiver que carregar, eu mudarei de Hobby e passarei a jogar peteca, boliche, ou qualquer outra coisa que me ofereça respeito como consumidora.

Já sabem, né? Semana que vem todo mundo trazendo o vizinho pra conhecer o time.

Já sabem, né? Semana que vem todo mundo trazendo o vizinho pra conhecer o time.